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sábado, 18 de maio de 2013

O caminho de volta – por PAWLO CIDADE


“O maior prazer do escritor não é publicar um livro. Sua maior satisfação é saber se o seu livro é lido.”
P.C.
O maior prazer do escritor não é publicar um livro. Sua maior satisfação é saber se o seu livro é lido. Melhor ainda é ter retorno sobre o que você escreveu. E foi isso que fizeram os estudantes da rede pública de ensino da Escola Nucleada de Castelo Novo. Orientados pela professora Rita Aparecida, eles voaram junto comigo para fugir de um rigoroso inverno canadense, em busca de abrigo e alimento. O inverno frio, com contínuas tempestades de neve os forçava a emigrar. Claro que não estou falando dos estudantes da Rua Napoleão Loureano, do distrito de Castelo Novo, (que também já foi cenário de um dos meus livros: “O Tesouro Perdido das Terras do Sem Fim”), mas, dos gansos Ivan, Vivi, Coró, Tárcia, Cláudio, Osmar, Juninho e Gambão personagens do livro “O Caminho de Volta”, (Editora Via Litterarum, 2010) adotado pela professora.


Recebi de Rita uma dezena de cartas me convidando para visitá-los. “Será de grande honra para mim e meus colegas”, diz Fabrini Gomes, uma das alunas; “Li o livro O Caminho de Volta e gostaria de conhecê-lo”, escreve Alan de Jesus; “Eu entendi que ninguém dava nada por Ivan, mas, ele conseguiu provar que não precisa ser forte fisicamente para conseguir algo e sim nós devemos ter força de vontade, coragem para conseguirmos atingir os nossos objetivos,” explica Thaís de Oliveira em outro carta; “Eu aprendi muitas coisas importantes lendo seu livro, eu aprendi que para ser herói não precisa ter força e sim inteligência e caráter,” declara Brenda Cruz; “Gostei da sua criatividade em inventar cada personagem com sua fala e seu jeito de ser, e de pensar especial é muito forte que até podemos sentir que estamos dentro do livro,” disse Daniela Leal em um trecho de uma outra carta.

E assim fui lendo, e li mais de uma vez, todas as cartas. Vou responder cada uma delas, sobretudo o grande número de perguntas que cada um fez: “O senhor estudou em escola pública?” “Tem alguma pessoa na sua família que é um herói ou heroína?” “O senhor pediu ajuda a alguém para escrever o livro?” “Você se inspirou em alguém para criar os personagens?” Jeciane Oliveira disse que iria fazer um milhão de perguntas quando eu fosse visitar a escola. Eles estão preparando um trabalho sobre o livro. Quer dizer, sobre os livros, porque também estão lendo “As Aventuras de João e Maria”, (Editora Via Litterarum, 2010) uma releitura que eu criei sobre o clássico dos Irmãos Grimm.

Rita, você não é uma professora. É uma educadora. Sinto-me privilegiado por ter sido o autor escolhido por você para despertar a leitura num mundo onde o facebook, o twitter e o quase finado Orkut conseguem atrair milhares de jovens. Fico emocionado, feliz, eufórico, querendo gritar, pular, dançar por saber que existem pessoas como você que se preocupam com o futuro de seus alunos. Sobretudo aqueles que moram em nossos distritos. Obrigado por escolher um autor regional, com histórias que vão muito além da territorialização, para mostrar aos leitores, sobretudo os meus de Castelo Novo, da Rua Napoleão Laureano, da Rua Nossa Senhora da Conceição, que podemos ir longe, muito longe, apenas lendo. Obrigado, Tainara Batista, Maiana Dias, Ariana Oliveira, Vanessa Ferreira, Gleice Kelly, Caline Batista, Jeciane Oliveira, Daniela Leal, Brenda Cruz, Thaís de Oliveira, Alan de Jesus, Fabrini Gomes por terem compartilhado comigo a alegria da escrita, o caminho da aventura e a saída para a liberdade.

Ler é uma viagem. Até a próxima aventura.

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