foto: Felipe de Paula |
A primeira greve do Brasil, feita
pelos escravos do Rio do Engenho, será o tema da próxima montagem do Teatro
Popular de Ilhéus (TPI). Intitulado 1789
– Engenho de Santana – uma revolução histórica, o espetáculo trará uma
releitura sobre o acontecimento da Ilhéus colonial. O processo de produção
começa em novembro, com pesquisa histórica e improvisações. A estreia está
prevista para janeiro de 2013.
Assim
como os demais espetáculos do Teatro Popular de Ilhéus, 1789 – Engenho de Santana – uma revolução histórica começará com a
análise não apenas do fato que inspira a obra artística, mas também sobre o
contexto histórico da época. Os estudos do elenco terão suporte do historiador
Marcelo Henrique Dias e do arqueólogo Elvis Barbosa. O Terreiro Matamba Tombeci
Neto, remanescente do Engenho de Santana, também estará envolvido no processo.
“Em 2008, fizemos uma série de debates no projeto Improviso, Oxente! sobre o tema. Agora, aprofundaremos ainda mais a
pesquisa”, informou o autor e diretor Romualdo Lisboa.
A peça foi uma das contempladas do
edital setorial de teatro do Fundo de Cultura da Bahia e será produzida por
Pawlo Cidade, da Associação Comunidade Tia Marita, entidade sociocultural.
Entre mais de 200 propostas apresentadas, a montagem do TPI foi a única
selecionada do Litoral Sul. No ano passado, o esboço do texto venceu
o edital de Apoio ao Desenvolvimento de Textos Dramatúrgicos no Estado da
Bahia, promovido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia, e norteará a
construção do espetáculo.
A história
A montagem começará numa fábrica de chocolate
em Ilhéus no ano 2089, com os funcionários insatisfeitos, lembrando-se do ato
histórico ocorrido 300 anos antes. Então, haverá um salto temporal que contará
como aconteceu a rebelião dos escravos do Engenho de Santana, que dominaram o
local por dois anos, reivindicando melhorias trabalhistas numa carta.
Para
Romualdo Lisboa, a relação entre o Engenho e uma fábrica permitirá um
entendimento melhor a respeito da mobilização social como mecanismo de
transformação histórica, econômica e social. “Tanto o engenho de açúcar quanto
a indústria de cacau tiveram grande relevância para Ilhéus. Precisamos, hoje, promover revoluções, não como as provocadas
pela opressão de tiranos, mas pequenas revoluções cotidianas, de ideias e
comportamento”, explicou.
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